quinta-feira, 1 de maio de 2014

Gírias Paraenses


  • ÉGUA TU ÉS DOIDO É?:caramba,nossa,fala sério,eita.
  • ÉGUA:Vírgula do paraense, usada entre mil de mil frases ditas, e com essa expressão, ele não tem a menor chance de errar nas concordâncias.

  • LEVOU O FARELO:Se deu mal. 
  • PITIÚ:Cheiro característico de peixe, você consegue sentí-lo com maior intensidade no 
  • VER-O-PESO: cheiro de ovo também é pitiú.
  • SÓ-TE-DIGO-VAI:Expressão usada pelas Mães pra chamar a atenção dos filhos mal ouvidos, quando não as obedecem. 


  • TE ACOCA:Te abaixa. 
  • MUITO PALHA:Muito ruim. 


  • TUÍRA:Pó da pele de quem não toma banho direito(essa é boa!). 
  • MAIS-COMO-ENTÃO?Me explique, por favor. 
  • BORA LOGO:Se apresse. 
  • BORIMBORA:Vamos embora. 
  • MAS QUANDO!:Você está mentindo. 
  • EU CHOOORO!!!:Não tô nem aí pra ti! Te vira! Dá teu jeito!. 
  • OLHA QUE O PAU TE ACHA:Toma cuidado. 
  • FILHO DUMA ÉGUA:Filho da mãe. 
  • É-GU-Á:Poxa vida. 
  • PAI D'EGUA:Excelente, beleza, le gal. 
  • MAS CREDO:Sai fora. 
  • OLHA JÁ:É mentira. 
  • JÁ ME VU: Tchau! 
  • ÊÊÊ...:Quando algo que se conta é mentira. 
  • ERAS:O eras acompanha também todos esses sinônimos. 
  • TU ALOPRAS:Você apela. 
  • HUM, TÁ CHEIROSO:"Hum... tá bom, gatinho, tá bom lindo, tá bom, bonito.." é uma forma de ironia, tipo "conta outra !". 
  • PUTISTANGA:Sinônimo de " É - G U- A" que quer dizer: poxa vida. 
  • UUUULHA:Expressão usada por nossas crianças quando querem se referir a algo. 
  • ASSANHADO:Não quer dizer "ENXERIDO", e sim, seu cabelo está bagunçado. 
  • DIACHO:Expressão de desapontamento. 
  • DESPOMBALECIDO: Estado de moleza e cansaço, enfermidade. 
  • MERDA/BOSTA N'ÁGUA:É o famoso "Maria vai com as outras". 
  • CARAPANÃ:Pernilongo, mosquito, borrachudo. 
  • PÔ-PÔ-PÔ:Embarcação típica composta por uma canoa coberta, movida a motor de 2 tempos na pôpa. 
  • CALANGO ou OSGA:Lagartixa (de chão). 
  • BAITA:Algo legal, bacana. 
  • ARREDA AÍ:Afasta aí. 
  • JÁ ESTÁS NO TEU MOMENTO?:Quando alguém faz algo que chame atenção, ou dar em cima de outra pessoa, aí usam isso. 
  • DERRUBAR:Cagoetar, entregar, dedurar 
  • JÁ VALE?:Quando alguém faz algo que a outra pessoa não gosta, por exemplo: Já vale me derrubar? 
  • MAS QUANDO! :Não se refere a data e sim a pessoa dizendo "não". Por exemplo: Você vai ao show hoje? MAS QUANDO, estou sem dinheiro 
  • ESMIGALHAR:Amassar, desmanchar. 
  • ESBANDALHAR: Quebrar. 
  • RALHAR:Brigar. 
  • DIZQUE: Uma interjeição de ironia. 
  • COQUE:Um leve soco com a falange dos dedos na cabeça da criança peralta.

 Referências:
  • Portal das Gírias
  • ebah

Mercado do Ver o Peso

Mercado Ver-o-Peso é um mercado situado na cidade brasileira de Belém, no estado do Pará,
estando localizada na travessa Boulevard Castilho Franca, Cidade Velha, às margens da baía do Guajará. Ponto turístico e cultural da cidade, é considerada a maior feira ao ar livre da América Latina. O mercado do ver-o-peso abastece a cidade com variados tipos de gêneros alimentícios e ervas medicinais do interior paraense, fornecidos principalmente por via fluvial. Foi candidato a uma das 7 Maravilhas do Brasil. Inaugurado em 1901, é um dos mercados públicos mais antigos do Brasil.

Introdução
No século XVII, onde hoje funciona o Mercado Ver-o-Peso, numa área que era formada pelo igarapé do Piri, os portugueses instalaram um posto de fiscalização e tributos dos gêneros trazidos para a sede das capitanias (Belém-PA). Este posto foi denominado Casa de Haver o Peso, que também tinha como atividade o controle do peso dos produtos comercializados. No início do século XIX, o igarapé Piri foi aterrado e, na sua foz, foi construída a doca do Ver-o-Peso.
Embora a cidade estivesse abalada pela revolta popular denominada Cabanagem (1835-1840), a Casa de Haver o Peso funcionou até meados do ano de 1839. Em outubro deste mesmo ano, a repartição foi extinta e a Casa foi arrendada e destinada à venda de peixe fresco.
Em 1847, com o término do contrato de arrendamento, a Casa foi demolida e iniciada a construção dos Mercados de Peixe e de Carne, este último também conhecido como Mercado Municipal ou Mercado Bolonha, uma vez que sua edificação foi feita pelo engenheiro Francisco Bolonha.
No Ciclo da Borracha, entre o final do século XIX e começo do século XX, a cidade de Belém teve grande importância comercial, principalmente para o cenário internacional. Neste período, também se pode registrar mudanças urbanísticas. Importantes edificações foram erguidas, entre as quais, o Palácio Lauro Sodré, o Teatro da Paz, o Palácio Antônio Lemos e o Mercado Ver-o-Peso.
A construção do Mercado de Ferro, como inicialmente era conhecido o Mercado Ver-o-Peso, foi autorizada pela lei municipal nº 173, de 30 de dezembro de 1897, e sua edificação, com o projeto de Henrique La Rocque, teve início no ano de 1899. Toda a estrutura de ferro do Mercado foi trazida da Europa seguindo a tendência francesa de art nouveau da belle époque. Foi inaugurado em 1901.2
O mercado faz parte de um complexo arquitetônico e paisagístico que compreende uma área de 35 mil metros quadrados, com uma série de construções históricas, dentre elas o Mercado de Ferro, o Mercado da Carne, a Praça do Relógio, a Doca, a Feira do Açaí, a Ladeira do Castelo e o Solar da Beira e a Praça do Pescador. O conjunto foi tombado pelo IPHAN, em 1977.

Lendas Amazônicas parte 3

DANÇA DO SIRIÁ
A mais famosa dança folclórica do município de Cametá é uma das manifestações coreográficas mais belas do Pará. Do ponto de vista musical é uma variante do batuque africano, com alterações sofridas através dos tempos, que a enriqueceram de maneira extraordinária.
Contam os estudiosos que os negros escravos iam para o trabalho na lavoura quase sem alimento algum. Só tinham descanso no final da  tarde, quando podiam caçar e pescar. Como a escuridão dificultava a caça na floresta, os negros iam para as praias  tentar capturar alguns peixes. A quantidade de peixe, entretanto, não era suficiente para satisfazer a fome de todos.

Certa tarde, entretanto, como se fora um verdadeiro milagre, surgiram  na praia centenas de siris que se deixavam pescar com a maior facilidade, saciando  a fome dos escravos. Como esse fato passou a se repetir todas as tardes, os negros tiveram a idéia de criar uma dança em homenagem ao fato extraordinário. Já que chamavam cafezá para plantação de café, arrozá para plantação de arroz, canaviá para a plantação de cana, passaram a chamar de siriá, para o local onde todas as tardes encontravam os siris com que preparavam seu alimento diário.

Coreografia
: Com um ritmo que representa uma variante do batuque africano, a "dança do siriá" começa com um andamento lento. Aos poucos,  à medida que os versos vão se desenvolvendo, a velocidade cresce, atingindo ao final um ritmo quase frenético. A "dança do siriá" apresenta uma rica coreografia que  obedece às indicações dos versos cantados  sendo que, no refrão, os pares fazem volteios com o corpo curvado para os dois lados.

Acompanhamento Musical
: Tal como a "dança do carimbó", os instrumentos típicos utilizados são dois tambores de dimensões diferentes: para os sons mais agudos (tambor mais estreito e menor) e para os sons graves (tambor mais grosso e maior). Os passos são animados ainda por ganzá, reco-reco, banjo, flauta, pauzinhos, maracá e o canto puxado por dois cantadores.

Indumentária
: Também chamada pelos estudiosos como  "a dança do amor idílico", a  "dança do siriá" apresenta os dançarinos com trajes enfeitados, bastante coloridos. As mulheres usam belas blusas de renda branca, saias bem rodadas e amplas, pulseiras e colares de contas e sementes, além de enfeites floridos na cabeça. Já os homens, também descalços como as mulheres, vestem calças escuras e camisas coloridas com  as  pontas das fraldas amarradas na frente. Eles usam ainda um pequeno chapéu de palha  enfeitado com flores que as damas retiram, em certos momentos, para demonstrar alegria, fazendo  volteios. Observa-se, na movimentação coreográfica, os detalhes próprios das três raças que deram origem ao povo paraense: o ritmo, como variante do batuque africano; a expressão corporal recurvada em certos momentos, característica das danças indígenas; e o movimento dos braços para cima, como acontece na maioria das danças folclóricas portuguesas.

DANÇA DO CARIMBÓ
A mais extraordinária manifestação de criatividade artística do povo paraense foi criada pelos índios Tupinambá que, segundo os historiadores, eram dotados de um senso artístico invulgar, chegando a ser considerados, nas tribos, como verdadeiros semi-deuses.
Inicialmente, segundo tudo indica, a "Dança do Carimbó" era apresentada num andamento monótono, como acontece com a grande maioria das danças indígenas. Quando os escravos africanos tomaram contato com essa manifestação artística dos Tupinambá começaram a aperfeiçoar a dança, iniciando pelo andamento que , de monótono,  passou  a  vibrar como uma espécie de variante do batuque africano. Por isso contagiava até mesmo os colonizadores portugueses que, pelo interesse de conseguir mão-de-obra para os mais diversos trabalhos, não somente estimulavam essas manifestações, como também, excepcionalmente, faziam questão de participar, acrescentando traços da expressão corporal característica das danças portuguesas. Não é à toa que a "Dança do Carimbó" apresenta, em certas passagens, alguns movimentos das danças folclóricas lusitanas, como  os dedos castanholando na marcação certa do ritmo agitado e absorvente.

Coreografia
: A dança é apresentada em pares. Começa com duas fileiras de homens e mulheres com a frente voltada para o centro. Quando a música inicia os homens vão em direção às mulheres,  diante das quais batem palmas como uma espécie de convite para a dança. Imediatamente os pares se formam, girando continuamente em torno de si mesmo, ao mesmo tempo formando um grande círculo que gira em sentido contrário ao ponteiro do relógio. Nesta parte observa-se a influência indígena, quando os dançarinos fazem alguns movimentos com o corpo curvado para frente, sempre puxando-o com um pé na frente, marcando acentuadamente o ritmo vibrante.
As mulheres, cheias de encantos,  costumam tirar graça com seus companheiros segurando a barra da saia,  esperando o momento em que os seus  cavalheiros estejam distraídos  para atirar-lhes no rosto esta parte da indumentária feminina. O fato sempre provoca gritos e gargalhadas nos outros dançadores. O cavalheiro que é vaiado pelos seus próprios  companheiros é forçado a abandonar o local da dança.
Em determinado momento da "dança do carimbó" vai para o centro um casal de dançadores para a execução da famosa dança do peru, ou "Peru de Atalaia", onde o cavalheiro é forçado a apanhar, apenas com a boca, um lenço que sua companheira estende no chão. Caso o cavalheiro não consiga executar tal proeza sua companheira atira- lhe a barra da saia no rosto e, debaixo de vaias dos demais, ele é forçado a abandonar a dança. Caso consiga é aplaudido.

Indumentária
: Todos os dançarinos apresentam-se descalços. As mulheres usam saias coloridas, muito franzidas e amplas, blusas de cor lisa, pulseiras e colares de sementes grandes. Os cabelos são ornamentados com ramos de rosas ou jasmim de Santo Antônio. Os homens apresentam-se com calças de mescla azul clara e camisas do mesmo tom, com as pontas amarradas na altura do umbigo, além de um lenço vermelho  no pescoço.

Denominação
: A denominação da "Dança do Carimbó" vem do titulo dado pelos indígenas aos dois tambores de dimensões diferentes que servem para o acompanhamento básico do ritmo.

Na língua indígena "Carimbó" - Curi (Pau) e Mbó ( Oco ou furado),  significa pau que produz som. Em alguns lugares do interior do Pará continua o título original de "Dança do Curimbó". Mais recentemente , entretanto, a dança ficou nacionalmente conhecida como "Dança do Carimbó", sem qualquer possibilidade de transformação.

Instrumentos típicos
: O acompanhamento da dança tem, obrigatoriamente, dois "carimbos" (tambores) com dimensões diferentes para se conseguir contraste sonoro, com os tocadores sentados sobre os troncos, utilizando as mãos à guisa de baquetas, com os quais executam o ritmo adequado.  Outro tocador, com dois paus, executa outros instrumentos obrigatórios, como o ganzá, o reco-reco, o banjo, a flauta, os maracás, afochê  e os pandeiros. Esses instrumentos compõem o conjunto musical característico, sem a utilização de instrumentos eletrônicos.

Boi- Bumbá "Pingo de Ouro"

Fundado em 1969, tem 75 integrantes. Surgiu da extinção do Boi- Bumbá "Arranca- Toco", da vila de Icoaraci, e pesquisa de outros grupos folclóricos que se exibiam à época na vila.

Boi- Bumbá "Pai da Malhada"

Fundado em 1935, tem 50 integrantes. O "Pai da Malhada" surgiu no bairro da Sacramenta, onde pertencia a um senhor chamado "Zeca Praiano". Quando morreu, o grupo ficou sem liderança, tendo nessa época o Sr. José Rufino solicitado aos parentes do falecido, permissão para que usasse o nome de "Pai da Malhada". Inicialmente o grupo foi formado só com garotos na faixa de 6 a 14 anos. Depois sofreu algumas modificações, entraram os adultos, mas o boi nunca perdeu suas raízes culturais.

Boi-Bumbá "Flor do Campo"

Fundado em 1960, tem 62 integrantes. Foi trazido para Belém pelo Sr. Emílio da Paixão  que resolveu trazer a público um Boi- Bumbá de sua autoria. Seu Emílio trouxe a experiência da ilha do Mosqueiro, a 60 km de Belém, onde participava do Boi- Bumbá "Pai do Campo".

Boi- Bumbá "Flor do Guamá"

Fundado em 1975, tem 50 integrantes. O grupo folclórico "Flor do Guamá" começou com uma turma de crianças moradoras da passagem Caparari, no bairro do Guamá, em Belém. A brincadeira surgiu à base do improviso. As barricas foram feitas com latas de leite vazias e os pandeiros com latas de goiabada. A indumentária era de serrilha e folhas de açaizeiro, previamente pintadas para as apresentações.

Boi- Bumbá "Flor da Noite"

O grupo folclórico "Flor da Noite" foi fundado em 1982. Tem 30 integrantes. Surgiu no Guamá durante a quadra junina. Como na época só existiam três grupos folclóricos, o senhor Álvaro de Souza resolveu formar uma brincadeira que viesse atender à carência de lazer na área onde  mora.

Boi- Bumbá "Caprichoso"

Fundado em 1947, tem 45 integrantes. O grupo folclórico "Caprichoso" foi fundado na ilha de Mosqueiro. Em 1964 instalou-se na cidade de Belém.

Boi- Bumbá "Tira- Fama"

Fundado em 1958, tem 50 integrantes. A idéia de colocar o "Tira-Fama" na rua surgiu da necessidade de lazer na comunidade do bairro do Guamá. Naquela época havia  apenas o Boi- Bumbá " Machadinha ", sem estrutura para absorver todos os interessados em brincar a quadra junina. O Sr. Elias, mais conhecido como seu "Setenta", foi o responsável em congregar amigos e familiares para formar o "Tira- Fama".

Boi- Bumbá "Estrela D´Alva"

O grupo folclórico "Estrela D´Alva", fundado em 1963, tem 48 integrantes. Surgiu quando o Sr. Solino Gonçalves, do bairro do Guamá, reuniu um grupo de garotos em sua casa para organizar a brincadeira. Foi confeccionado um modesto Boi com latas e caixas de madeira e os instrumentos foram  improvisados. O nome "Estrela D´Alva" foi dado em homenagem à sua filha D´Alva.

Referências:
  • Wikipédia
  • Lendas Danças e Festas do Pará

Lendas Amazônicas parte 2


A LENDA DA MANDIOCA
Em uma certa tribo indígena a filha do cacique ficou grávida.
Quando o cacique soube deste fato ficou muito triste, pois sonhava que a sua filha iria se casar com um forte e ilustre guerreiro, no entanto, ela estava esperando um filho de um desconhecido.
À noite, o cacique sonhou que um homem branco aparecia em sua frente e dizia para que ele não ficasse triste, pois sua filha não o enganará, ela continuava sendo pura. A partir deste dia o cacique voltou a ser alegre e a tratar bem sua filha.
Algumas luas se passaram e a índia deu a luz a uma linda menina de pele muito branca e delicada, que recebeu o nome de MANI.
Mani era uma criança muito inteligente e alegre, sendo muito querida por todos da tribo. Um dia, em uma manhã ensolarada, Mani não acordou cedo como de costume. Sua mãe foi acordá-la e a encontrou morta.
A índia desesperada resolveu enterrá-la dentro da maloca.
Todos os dias a cova de Mani era regada pelas lágrimas saudosas de sua mãe.
Um dia quando a mãe de Mani foi até a cova para regá-la novamente com suas lágrimas, percebeu que uma bela planta havia nascido naquele local. Era uma planta totalmente diferente das demais e desconhecida de todos os índios da floresta. A mãe de Mani começou a cuidar desta plantinha com todo carinho, até que um dia percebeu que a terra à sua volta apresentava rachaduras.
A índia imaginou que sua filha estava voltando á vida e, cheia de esperanças, começou a cavar a terra. Em lugar de sua querida filhinha encontrou  raízes muito grossas, brancas como o leite, que vieram a tornar-se o alimento principal de todas as tribos indígenas. Em sua homenagem deram o nome de MANDIOCA, que quer dizer Casa de Mani.


A LENDA DO PEIXE-BOI
Para explicar a origem do Peixe-Boi os índios contavam uma lenda que dizia que em uma certa tribo indígena, habitante do vale do Rio Solimões, no Amazonas, foi realizada uma grande festa da moça nova e pela ação de Curumi.
O pajé mandou que a moça nova e o Curumi mergulhassem nas águas do rio. Quando mergulharam o pajé jogou, em cima de cada um deles, uma tala de canarana. Quando voltaram à tona já haviam se transformado em PEIXE-BOI.
A partir deste casal nasceram todos os outros peixes-boi. É por esse motivo que eles se alimentam de canarana.


A LENDA DA LUA
Outra lenda indígena conta sobre a origem da lua. Manduka namorava sua irmã. Todas as noites ia deitar com ela, mas não mostrava o rosto e nem falava, para não ser identificado. A irmã, tentando descobrir quem era, passou  tinta de jenipapo no rosto de Manduka.
Manduka lavou o rosto porém a marca da tinta não saiu. Então ela descobriu quem era. Ficou com vergonha, muito brava e chorou muito. Manduka também ficou com vergonha pois todos passaram a saber o que ele havia feito.
Então Manduka subiu numa árvore que ia até o céu. Depois desceu e foi dizer aos Jurunas que ia voltar pra árvore e não desceria nunca mais. Levou uma cotia pra não se sentir muito só. Aí virou lua. E é por isso que a lua tem manchas escuras, por causa do jenipapo que a irmã passou em Manduka. No meio da lua costuma aparecer uma cotia comendo coco. É a outra mancha que a lua tem.


A LENDA DOS RIOS
A origem dos rios Xingu e Amazonas também faz parte do imaginário indígena. Dizem que antigamente era tudo seco. Juruna morava dentro do mato e não tinha água nem rio. Juriti era a dona da água, que a guardava em três  tambores.
Os filhos de Cinaã estavam com sede e foram pedir água para o passarinho, que não deu e disse: "Seu pai é Pajé muito grande, porque não dá água para vocês?" Aí voltaram para casa chorando muito. Cinaã perguntou porque estavam chorando e  eles contaram.
Cinaã disse para eles não irem mais lá que era perigoso, tinha peixe dentro dos tambores. Mas eles foram assim mesmo e quebraram os tambores. Quando a água saiu, Juriti virou bicho. Os irmãos pularam longe, mas o peixe grande que estava lá dentro engoliu Rubiatá (um dos irmãos) , que ficou com as pernas fora da boca.
Os outros dois irmãos começaram a correr e foram fazendo rios e cachoeiras. O peixe grande foi atrás levando água e fazendo o rio Xingu. Continuaram até chegar no Amazonas. Lá os irmãos pegaram Rubiatá, que estava morto. Cortaram suas pernas, pegaram o sangue e sopraram. Rubiatá virou gente novamente. Depois eles sopraram a água lá no Amazonas e o rio ficou muito largo. Voltaram para casa e disseram que haviam quebrado os tambores e que teriam água por toda a vida para beber.


A LENDA DO SOL
Para os índios o sol era gente e se chamava KUANDÚ. Kuandú tinha três filhos: um é o sol que aparece na seca; o outro, mais novo, sai na chuva  e  o filho do meio ajuda os outros dois quando estão cansados.
Há muito tempo um índio Juruna teria comido o pai de KUANDÚ.Por isso este queria se vingar. Uma vez  Kuandú  estava bravo e foi para o mato pegar coco. Lá encontrou Juruna em uma palmeira inajá. Kuandú disse que ele ia morrer, mas Juruna foi mais rápido acertando Kuandú com um cacho na cabeça. Aí tudo escureceu. As crianças começaram a morrer de fome porque Juruna não podia trabalhar na roça e nem pescar. Estava tudo escuro. A mulher de Kuandú mandou o filho sair de casa e ficou claro de novo. Mas só um pouco porque era muito quente para ele. O filho não aguentou e voltou para casa. Escureceu de novo. E assim ficaram os 3 filhos de Kuandú. Entrando e saindo de casa. Portanto, quando é seca e sol forte é o filho mais velho que está fora de casa. Quando é sol mais fraco é o filho mais novo. O filho do meio só aparece quando os irmãos ficam cansados.


A LENDA DO MAPINGUARI
É um fantástico ser da mata. Muito temido entre os caçadores e caboclos do interior do Estado, o Mapinguari costuma andar pela floresta emitindo gritos semelhantes aos desses homens. Mas se algum deles se aproxima, Mapinguari ataca e devora o caçador começando pela cabeça. Raramente conseguem sobreviver e, quando isso acontece, geralmente ficam aleijados ou com marcas horríveis pelo corpo.
Mapinguari tem o corpo todo coberto de pelos,  com a aparência de um enorme macaco. Possui um único olho na testa e uma boca gigantesca que se estende até a barriga.
A LENDA DE CEUCI
A origem desta lenda se dá do cerro das 7 estrelas ou plêiades, em que os naturais tupís indicavam o nome de variável de: Cincy, Cincê, Cucê. Com este ingênuo nome, Ceuci filha de Tupã e de Luaci. Luaci que era conhecida como mãe do céu abaixo do sol, onde morava na espuma de uma nuvem e ao navegar no espaço aproveitava-se do sono desta menina caraíba para encorporar-se nela expulsando a alma, que desde então a seguiu como uma sombra impertinente, queria a todo transe voltar ao corpo e dormindo ela, esta selvagem menina recebeu o espírito divino, tornando-a assim a cunha aporanga e mais ladina da tribo, seus encantos no dia a dia aumentavam cada vez mais, adquirindo poder de amainar as feras e acalmar os ventos. Certo dia quando passeava pelo mato, uma lua antes de sua carimã (festa da puberdade das donzelas), deixou-se tentar por frutos maduros e sedosos de doçura que eram vedados aos desejos das impúberes, o sumo escorrendo-lhe pelos seus seios abaixo despertou a fecundação, os caraíbas ficaram revoltados, embora ela continuasse a garantir que era virgem e não fora visitada pelo “Yaciteiú”, mas o conselho da tribo e o alto da “Aharaigichi” exigiam que o conselho dos velhos se reunisse regido pelo Pajé-assú com a eminência de resolver o caso. Ceuci risonha e tranqüila resolveu aparecer, porém suspeitando da mácula gritasse na gravidez. E os maracás soaram no ar desfazendo os indícios e festejando a virgindade intacta. Porém, os maiorais para dar exemplos cunhãns desprevenidas, resolveram desenterrar Ceuci para elevadíssimas. Itacangas da cerra do “Cunakê”.  E assim foi no exílio, sem culpa, castigada, mas inocente, Ceuci veio dar a luz a Jurupari, o reformador, o profeta, o silencioso, dos caiuras, inflexível como um juramento e eterno como símbolo. Aos 10 anos de idade já assombrava aos seus, pela força de argumentos e mostrando uma experiência e sabedoria, os mais valentes guerreiros da redondeza vinham ouvi-lo silenciosamente, pois ele revelava e ditava a lei da agricultura e foi espalhando as suas lições na montanha de Cunakê. Despeitado com Tupã, Anhangá não tardou pela curiosidade e aproximou-se da serra conduzindo em sua companhia a linda e bela Ceuci que foi arrastada pelo desejo de assistir a Poracé (festa) em honra de Jurupari, porém aconteceu que Anhangá empregando as suas artes tortuosas conseguiu induzir Ceuci transportando um terreno que não era permitido a curiosidade feminina. Desta forma violou o recinto privativo a mãe de Jurupari que condenava ao sacrifício certo. Celebrando assim os Pagé-assús chamaram a noite do rito: Ceuci, Tieté, Unandú! E um corpo de mulher caiu ao solo fulminando.

Mandaram então buscar Jurupari afim de ressuscitá-la, mas o nosso herói, inflexível não transgride a lei, mesmo que seja uma pessoa especial como Ceuci: “Morreste ó mãe, porque desobedeceste a lei de Tupã, esta lei que eu ensino, agora podes subir radiante, pura e bela aos braços de meu pai”. O corpo de Ceuci enchendo-se de uma figuração estranha acendeu iluminado, atravessou o espaço e fez-se estrela e ela tornou-se a mais formosa das plêiades, transformou-se para exemplificar o respeito que devia inspirar aos selvagens, as leis dos Moisés dos Tupis.

Ceuci – Mãe dos Moisés do Tupis, dos caraíbas e Anãmas, é uma deusa morta, porque nunca mais veio à terra, de grande prestígio na mitologia da América do Sul. É ela quem do luaca, distribuiu a sorte às “Tainaetas” (enlevo dos lares das florestas).
Na astronomia das tribos sul-americanas, Ceuci também é conhecida por Ciucy e Celchu, chamada vulgarmente a Constelação das Plêiades.
Cueurra – É a árvore do bem e do mal, na tradição aborígine. No Solimões é conhecida pelo nome de Purumã. Entra na lenda de Jurupari e assume um papel de destacada importância. Ao seu sumo atribuiu-se a fecundação de Ceuci, a Eva ingênua dos Caiuaras. Distraída sob a árvore não atinou que o sumo traiçoeiro, deslizando voluptosamente pelo corpo, molhando-lhe os seios e lambendo-lhe o ventre, lhe comprometia a virgindade.
Anhangá – (quer dizer sombra, espírito) A figura com que as tradições o representam é de um veado branco, com os olhos de fogo. Todo aquele que persegue um animal que amamenta corre o risco de ver o Anhangá, e a sua vista traz febre e às vezes a loucura.


A LENDA DA YARA

A lenda da Yara tem sua origem no guerreiro Miryan, filho do cacique Mundurucu Irahuana. Para explicar a origem da Yara nas águas amazônicas, pela lenda indígena sofreu muita influência pelas histórias narradas pelos europeus, principalmente pelos colonizadores portugueses no Brasil. Pois os índios contavam esta lenda com muito interesse para explicar a origem da mãe d’água semelhante a uma sereia européia. A mãe d’água é uma mulher muita bonita e muito atraente, cabelos compridos e loiros, rosto bem arredondado, olhos verdes e pele rosada, possui a metade do corpo de mulher e a outra metade de peixe, encanta os homens com o seu poder caantando um canto maravilhoso com a voz harmoniosa e suave. Os habitantes dos rios da Amazônia dizem que no fundo do rio ela possui um belo castelo e esta bela sereia consegue enfeitiçar os homens que vêem a esta bela sereia, ao ponto de se atirar nas águas profundas dos rios para com ela viverem. Conta a lenda que o mais valoroso guerreiro da tribo era Miryan, que ganhara notoriamente no combate aos índios Apupos. Ganhou do seu tio o pajé Ariman, um arco e flecha e um dia o Taxaua Irahuana quis mostrar aos oputros filhos o valor do primogênito e mandou-os em sua companhia combater as feras. Por arte do pajé, no lugar das feras surgiram enormes bandos de lajamandis. E foram travados terríveis combates, mas Miryan saiu vitorioso, os irmãos cheios de inveja tentaram matá-lo enquanto ele dormia mesmo ferido na coxa o guerreiro conseguiu aniquila-los e temeroso da vingança fugiu, o velho cacique ao saber da morte dos filhos jurou matar Miryan. E mandou 400 guerreiros à procura de Miryan, chegando no local onde Miryan se encontrava o cercaram em uma espessa moita de Uranas e durante muitas noites os 400 guerreiros tentaram inutilmente vencer Miryan. Certa noite, depois de combate exaustivo, o guerreiro conseguiu esquivar-se até chegar onde seu pai dormia e disse-lhe: “Tu me fazes uma guerra injusta, eu matei meus irmãos para não morrer. Mas o velho Tuxaua não convencido com a história de Miryan gritou que o matasse”. Os índios lançaram-se sobre ele, mas ele esperto conseguiu escapar, jogou-se na baía do Rio Negro. E ao cair na água numerosos peixes grandes e pequenos sustentaram-no na superfície e a luz do luar irradiou do corpo do guerreiro, que aos poucos foi se modificando da cintura para baixo e Miryan passou a ter corpo de mulher. Um belo corpo, de cabelo negro e no lendário mundo indígena Miryan virou “Iara”, castigado por Tupã que quis se revoltar contra o pai. Uma outra versão desta lenda surgiu em uma noite tropical do rio Amazonas saturado de perfume e mistério, conta a lenda que Tapuio, um índio que vagava no remanso de um igarapé ouviu uma voz que parecia uma mulher, num dado momento a voz silenciou, mas depois ouvia-se a voz novamente e uma cortina da vegetação abriu-se descobrindo uma mulher desnuda que reclinada à beira do igarapé e de repente o índio Tapuio sentiu uma vertigem como se fosse cair no abismo, caiu de joelhos esquecendo do mundo e ficou apaixonado pela imagem da feiticeira, na verdade a feiticeira era Iara, nascida das águas sendo ela afrodite sedutora e enganadora, fez o índio Tapuio mergulhar nas águas noturnas e nunca mais aparecer. Os que conseguem voltar ao mundo dos vivos... Voltam assombrados falando em castilos, sectos e corte de encantados e é preciso que um pajé faça muita reza forte, para tirar do estado de assombração, pois muitos ficam facilmente hipnotizados... A Iara até hoje exerce um grande fascínio e maior encantamento nos homens da região amazônica.


A LENDA DA COBRA NORATO

Uma bela moça indígena chamada Zelina estava na roça trabalhando e quando foi para a beira do rio beber água, sentiu uma forte dor de barriga e começou a passar mal e de joelhos na beira do rio deu à luz a um casal de gêmeos. Quando caíram nas águas do rio seus filhos viraram duas cobras, percebendo que seus filhos eram duas cobras, pensou em matá-los, mas procurou o velho pajé e pediu-lhe conselho, o velho pajé curador da tribo mandou que as lançasse ao rio e lá as duas cobras cresceram, sendo um macho e uma fêmea, o macho foi chamado de Honorato e a fêmea Maria Caninana, o tempo foi passando e as duas cobras foram crescendo, Honorato era de boa índole e Maria Caninana era uma cobra má, quando visitavam sua mãe Zelina, a mesma só tinha olhos e gostava das reinações de sua filha. Honorato que era bom moço, encantado em uma cobra, nunca aprovou as maldades de sua irmã Maria Caninana e certo dia matou sua irmã, pois já não agüentava ver suas maldades, algumas noites ele deixava a sua pele e casca de cobra à beira do rio e pedia a sua mãe que o desencantasse, mas ela não tinha coragem e antes que o dia amanhecesse, antes do galo cantar tinha que voltar para o rio e voltar a ser cobra. Para quebrar o encanto de Honorato era preciso que alguém de tamanha coragem colocasse uma gota de leite em sua boca e um corte na cauda para sair o sangue que desencantaria o moço tão belo de uma cobra tão feia. Honorato era visto nos bailes onde dançava muito, mas antes de clarear o dia desaparecia e ninguém tinha coragem de desencantar o belo rapaz, pois ninguém queria se arriscar, cansado de tanto andar e não encontrar resolveu ir para a cidade de Óbidos e lá encontrou um corajoso soldado que levou o leite na boca da cobra e com o sabre cortou-lhe a cauda para o sangue jorrar e Honorato transformou-se em um elegante e belo rapaz, deixando as águas do rio para levar uma vida normal na terra.


A LENDA DE QUEM-TE-DERA

A lenda de Quem-te-dera teve sua origem no município de Irituia e pertence ao folclore desta cidade. Conta a lenda que uma mulher magra e com poderes sobrenaturais e com sua maldade, fazia com que os homens a servissem como cavalo, colocando-lhes cabresto e sela e que os mesmos percorressem grandes distâncias e sempre com ela montada nas suas costas. E aplicava um castigo ao homem que negava passar a noite em companhia desta terrível mulher. E esta maldosa mulher, costumava açoitar durante todo o percurso os homens que submetidos aos seus caprichos, sendo eles fortes ou não, eram encontrados no dia seguinte com o corpo todo marcado e dolorido pelos açoites da Quem-te-dera.


A LENDA DO PIRARUCU

A lenda do Pirarucu teve sua origem nas águas amazônicas e este peixe é um dos maiores peixes de escama do Brasil. E para explicar sua origem os índios costumam contar a seguinte lenda. O Pirarucu era um índio guerreiro da nação dos Nalas e que este jovem índio era muito valente e muito orgulhoso, vaidoso e injusto e gostava de praticar a maldade. Foi então que o Deus Tup[a resolveu castiga-lo por todas as suas maldades e pediu a Deusa Luruauaçu que fizesse cair uma grande tempestade e assim aconteceu. Uma forte chuva caiu do céu sobre a floresta de Xandoré, o demônio que odeia os homens começou a mandar raios e trovões tornando a floresta toda eletrizada pelos fortes relâmpagos e o  forte guerreiro chamado de Pirarucu encontrava-se na hora da chuva caçando na floresta e tentou fugir, mas não conseguiu, vencido pela força do vento caiu ao chão e um raio partiu uma árvore muito grande que caiu sobre a cabeça do jovem guerreiro, achatando-lhe totalmente. O jovem guerreiro teve seu corpo desfalecido, carregado facilmente pela enxurrada para as profundezas do rio Tocantins, mas na floresta Xandoré o Deus Tupã ainda não estava satisfeito e resolveu transforma-lo aplicando-lhe um castigo severo e transformou o jovem guerreiro num peixe avermelhado de grandes escamas e cabeça chata e é este peixe Pirarucu que habita os rios da Amazônia.
A LENDA DO ELDORADO
No século XVI exploradores se aventuraram pelo interior da Amazônia, buscando a todo custo, aquilo que chamavam de Eldorado... Os espanhóis colonizadores das Américas assim acreditavam. A cidade tinha até um nome: Manoa. E em conseqüência muitas expedições dirigiram-se a região, destacando-se a de Gonzalo, Pizarro e Francisco de Orellana. Como muitos objetos de ouro foram encontrados durante a conquista, os espanhóis achavam que ainda faltava encontrar o lugar de onde vinha o ouro. Na verdade, certo rei ou sacerdote do povo muísca em cerimônia anual de fundo religioso, onde tava o corpo com um óleo perfumado e era coberto de ouro em pó. Em seguida, numa jangada, ia banhar-se em um lago que uns acreditavam ser guatativa, na Colômbia e outros Parina, próximo ao rio Orenoco, e outros, ainda nas Guianas. Após mergulhar, seu povo jogava objetos de ouro em culto aos deuses...
E o Eldorado, será que não passa de lenda?
Quem conhece a Serra de Carajás e sabe que é a maior província mineral do mundo. Com 1500 toneladas de ouro no município de Curionópolis, não se tem a menor dúvida: O Eldorado existe.
É no Pará.


A LENDA DAS AMAZONAS

Em 1541, após descer o afluente Napo e chegar ao então Mar Dulce, nome que Pinzon deu ao Rio Amazonas, eis que Francisco Orellana é atacado por uma tribo de mulheres que, no testemunho de Frei Gaspar Carvajal, “são muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido, entrançado e enrolado na cabeça. São muito membrudas e andam nuas em pêlo, tapadas as suas vergonhas, com os seus arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios”. Em seu relato Carvajal narra a seguir que embora abatessem vários índios que eram comandados pelas mulheres e mesmo algumas destas, os espanhóis se viram obrigados a fugir, tendo, porém capturado um índio. Este mais tarde, ao ser interrogado, declarou pertencer a uma tribo cujo chefe, senhor de toda a área, era súdito das mulheres guerreiras, que eram acompanhadas pela chefe Canhori. O prisioneiro, respondendo a várias perguntas do comandante, disse que as mulheres não eram casadas e que sabia existir setenta aldeias delas. Descreveu a casa das mulheres como sendo de pedra e com portas, sendo todas as aldeias bastante vigiadas. Disse ainda que elas pariam mesmo sem ser casadas porque, quando tinham desejo, levavam os homens de tribos vizinhas à força, ficando com eles até emprenharem, quando então os mandavam embora. Quando tinham a criança, se homem era morto ou então mandavam para que o pai o criasse, se era mulher, com elas ficavam e a menina era educada conforme as suas tradições guerreiras, seus hábitos e suas riquezas, pois tais mulheres possuíam muito ouro e prata.

                                                                                                     Fonte: Livro: “Conhecendo o nosso folclore”

Danças Folclóricas

No Pará a música ecoa pelos quatros cantos do Estado.  De norte a sul os ritmos vão ganhando novas cores e passos de acordo com a História de cada região. A gente dessa terra tem no sangue o gosto pela dança animada de rua ou pela sensualidade de ritmos "calientes", como o Lundu.  Percorrendo o interior do Estado se ouve de longe a batida forte do carimbó ou o arrasta-pé do xote bragantino.
As danças são espontâneas e tradicionais, não têm data certa para acontecer. Dependem mesmo é da vontade de se  divertir e de manter vivo o nosso ritmo e a nossa cultura.

XOTE BRAGANTINO
O "Xote" (Schotinch) tem sua origem na mais famosa dança folclórica da Escócia na segunda metade do século XIX. Aos poucos foi conquistando  a Europa. Na Alemanha ganhou um ritmo valsado pela influência da Valsa Vienense. Na Inglaterra a dança era saltitante. Já na França os passos ganharam ritmo  semi- clássico, com um andamento um tanto mais lento que o atual. Talvez por causa da indumentária feminina que, naquela época, dificultava os movimentos rápidos. Trazida para o Brasil pelos colonizadores, despertou, desde o início, um grande interesse no povo brasileiro que, por sua vez, também fez seus acréscimos. No Estado do Pará os portugueses cultivavam o chote com bastante entusiasmo em todas as reuniões festivas  assistidas  de  longe  pelos  escravos  africanos.  A  dança  foi aproveitada, de fato, pelos negros em 1798, quando eles fundaram a Irmandade de São Benedito, no  município de Bragança, que deu origem à Marujada. Outras danças de origem européia também vieram formar  o novo ritmo, mas é no "Xote" que está o maior interesse do povo bragantino nas apresentações públicas da "Marujada". A dança é executada repetidas vezes, valendo acrescentar que até mesmo os jovens bragantinos preferem o "Xote" a qualquer outra dança popular.

Coreografia
: Os movimentos coreográficos do "Xote" primitivo praticamente já não existem em Bragança. Lá  o povo fez belas adaptações, criando detalhes de impressionante efeito visual, que sempre despertam grande entusiasmo em todas as pessoas que assistem e se empolgam com a graciosa desenvoltura das dançarinas.

Acompanhamento Musical
: Utilizando os mesmos instrumentos típicos das demais danças folclóricas paraenses, o "Xote" tem, obrigatoriamente, solos de violino (rabeca) e o canto, puxado por um dos integrantes do conjunto musical.

Indumentária
: Tanto as damas quanto os cavalheiros apresentam-se com trajes festivos, já bastante modernizados, o que comprova que o "Xote" atual está muito longe da forma primitiva.
LUNDU
O "Lundu" é uma dança de origem africana trazida para o Brasil pelos escravos. A sensualidade dos movimentos já levou a Côrte e o Vaticano a proibirem a dança no século passado. No Brasil o "Lundu", assim como o "Maxixe" (a dança  excomungada pelo Papa), foi proibido em todo Brasil por causa das deturpações sofridas em nosso país. Mas, mesmo às escondidas, o "Lundu" foi ressurgindo, mais comportado, principalmente em três Estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais e na Ilha do Marajó, no Pará.

Coreografia
: A dança simboliza um convite que os homens fazem às mulheres "para um encontro de amor sexual". O "Lundu", considerado ao lado do "Maxixe ", uma dança altamente sensual, se desenvolve com movimentos ondulares de grande volúpia. No início as mulheres se negam a acompanhar os homens mas, depois de grande insistência, eles terminam conquistando as mulheres, com as quais saem do salão dando a idéia do encontro final.

Acompanhamento Musical
: Rabeca (violino), clarinete, reco-reco, ganzá,  maracás , banjo e cavaquinho.

Indumentária
: Com as adaptações locais o "Lundu" sofreu diversas modificações, principalmente na  indumentária. Ao contrário do primitivismo africano, apresenta todas as características marajoaras, razão por que passou a ser chamado de "Lundu marajoara". As mulheres se apresentam com lindas saias longas, coloridas e bastante largas, blusas de renda branca, pulseiras, colares, brincos vistosos e flores no cabelo. Os homens vestem calças de mescla  azul-claras e camisas brancas com desenhos marajoaras. Os pares se apresentam descalços.

Lendas Amazônicas parte 1

A LENDA DO CURUPIRA

Dos duendes da floresta o mais endiabrado e mais famosa figura, esta temida por todos os caboclos da região amazônica e muito conhecido como o guardião da floresta e protetor da fauna e da flora, apresenta-se em geral sob a forma de um menino de cabelos vermelhos, de pés virados para trás, muitos pêlos por todo o corpo e privado de órgãos sexuais, este menino costuma castigar severamente os predadores e caçadores da floresta; principalmente aqueles que caçam por esporte e não por necessidade.
Este menino chamado de Curupira pode se apresentar sob forma de qualquer animal e dificilmente o caçador irá conseguir acertar um tiro. E misteriosamente sem que a pessoa perceba, ele desaparece e ninguém consegue explicar seu paradeiro.
O seu mais conhecido castigo aplicado aos caçadores e predadores da floresta é fazê-los perder-se na floresta e não conseguir encontrar o caminho de volta para casa.
Este menino travesso acredita-se que ele consegue se esconder nos minúsculos e pequenos troncos de árvores da floresta.
O curupira costuma a se vingar daqueles que afrontam a natureza e principalmente do caçador que mata um animal fêmea com cria, o curupira fica zangado e faz com que a pretensa caça vire meriãs e de repente, porta-se como se gente fosse, e fazendo gestos como a implorar piedade, neste momento, o caçador fica assombrado, não consegue mais fazer pontaria e foge apavorado, procurando o rumo da casa e depois procura um pajé para fazer uma reza e afastar a assombração da vida do caçador ou seja em tempos atuais, o curupira é uma entidade ecologicamente correta.





A LENDA DO BOTO

Este o mais famoso e conhecido, também é chamado Uauiara. Foi confiado a ele a sorte dos peixes. Conta a lenda que o Boto, peixe encontrado nos rios da Amazônia, se transforma de noite num elegante e belo rapaz, o Boto ou Uauiara se transforma deixando de ser animal e sai das águas para conquistar as moças. Hoje nos interiores do Pará todas as pessoas gostam de contar ou narrar aos visitantes que chegam uma série de histórias extravagantes e grotescas em que as moças da cidade ou simplesmente próximo aos rios e igarapés que não resistem a simpatia e beleza, e caem de amor por ele. O Boto é considerado como o protetor das mulheres, e quando ocorre algum naufrágio em uma embarcação o Boto se manifesta e procura salvar a vida das mulheres, procurando empurrá-las para as margens do rio. As eternas e melancólicas histórias em que figura como herói o Boto é considerado como grande amador de nossas índias e elas alegam que seu primeiro filho e com muita certeza é dele, dando crédito a este Deus que transformado na figura de mortal seduziu e arrebatou para debaixo d’água, onde a infeliz foi forçada a fazer sexo com ele, estas mulheres caboclas ou índias conquistadas as margens dos rios quando vão banhar-se, ou nas festas realizadas no interior ou próximas dos rios. Nas noites de luar muitas vezes o lago se ilumina e se ouvem as cantigas da festa dele, dando cregam que seu primeiro filho e com muita certeza curando empurrafmomentoador que mata um animal fr acertar um tir de danças com que o Boto se diverte, este vai ao baile e dança alegremente com a moça a que pretende conquistar. Envolve-se com ela com bonitos galanteios e as pobrezinhas de nada desconfiam e só depois de apaixonadas as moças ficam grávidas e ao Boto, este galante rapaz, é atribuído a paternidade dos filhos das mães solteiras. Este lendário é conhecido peixe, anda sempre de chapéu, e dizem que sua cabeça exala um cheiro forte de peixe, tendo ele um chapéu para cobrir o buraco que há em sua cabeça.

Quando ele chega à festa é desconhecido de todos, mas vai logo conquistando a moça mais bonita e com ela dança a noite inteira, mas antes que o dia amanheça e sem ninguém perceber, pois precisa voltar rapidamente para o rio antes que o encanto termine. O Boto é a figura popular das águas e do folclore da região amazônica e sua aparência é de um golfinho.
Os órgãos sexuais quer do Boto, quer da sua fêmea, são muito utilizados em feitiçaria, visando a conquista ou domínio do ente amado. Porém o mais utilizado do mesmo é o olho do Boto, que é considerado amuleto do mais forte na arte do amor e sorte.
Dizem mesmo que, segurando na mão um amuleto feito de olho de Boto tem que ter cuidado para quem olhar, pois o efeito é fulminante: pode atrair até mesmo pessoas do mesmo sexo, que ficam apaixonadas pelo possuidor do olho de Boto, sendo difícil de desfazer o efeito...
Conta-se algumas histórias em que maridos desconfiados de que alguém estava tentando conquistar suas mulheres armaram uma cilada para pegar o conquistador. A cilada geralmente acontece à noite, aonde o marido vai a luta com o seu rival, mesmo ferido, consegue fugir e atirar-se n’água. No dia seguinte, para a surpresa do marido e demais pessoas que acompanharam a luta, o cadáver aparece na beira d’água com o ferimento da faca, ou de tiros, ou ainda com o arpão cravado no corpo, conforme a arma utilizada, não de um homem, mas pura e simplesmente um Boto.


A LENDA DA COBRA-GRANDE
Conhecida como demônio das profundezas das águas, a este monstro os índios dão o nome de Paranamaia que quer dizer Parana=rio e maia=mãe.
Esta é uma das lendas mais conhecidas da região amazônica, esta lenda conta que uma índia de uma tribo indígena da região amazônica, chamada de Zelina e que estava trabalhando na beira do rio, sentiu uma dor no ventre, conta a lenda que esta índia foi engravidada pela Sucuri e que deu a luz as margens de um rio a um casal de gêmeos que eram na verdade duas cobras: seu primeiro desejo foi de matá-las, mas procurou buscar conselho com o velho pajé que mandou jogá-las no rio e no rio foram criadas, e algum tempo depois chamados de Honorato e Maria Caninana, o primeiro chamado de Honorato não causava mal nenhum, mas sua irmão Maria Caninana era muito perversa e quando visitavam sua mãe Zelina, Caninana era a mais preferida, que de tantas maldades praticadas, seu irmão Honorato não aprovando mais as maldades praticadas de sua irmã pôs fim às suas perversidades e acabou com Maria Caninana tirando sua vida.
Em Barcarena existe um lugar conhecido como buraco da cobra grande que é atração turística do município como em outros povoados e vilas, existe a crença de que as mesmas estão situadas sobre a morada de uma cobra grande, conta a lenda que em Belém, quando foi fundada estaria sobre a casa de uma enorme cobra-grande... E daí ocorre se a cobra-grande se mexe Belém estremece e se a cobra-grande sair de seu lugar Belém irá afundar com todos os seus habitantes.
Estudos mais aprofundados no assunto, contam que a tal lenda nasceu dos primeiros missionários, que ao chegar a Belém e ouvir falar da tal cobra-grande, resolveram esmagar colocando-lhe a cabeça justamente sob os pés de Nossa Senhora a Virgem Maria, segundo a lenda a cobra-grande que aqui foi esmagada tem a sua cabeça debaixo do altar mor da Catedral da Sé e a sua calda sob o altar da Basílica. Afinal os missionários que aqui chegaram tiveram que adaptar a cultura local, queriam conquistar novos crentes, tiveram que personificar a boiúna dos indígenas esmagando-lhe a cabeça e a colocando sob o altar, a Catedral da Sé, simbolizando com isso um sinal muito parecido a virgem esmagando a serpente que era a encarnação do demônio.
De qualquer forma o átrio que inicia na catedral e termina na basílica de Nazaré tem a crença ligada, que nos mostra ser muito simbólica  a comparação com a lenda da cobra-grande, que na madrugada de 12 de janeiro de 1970 quando ocorreu um tremor de terra, muitos disseram que a cobra-grande estava se mexendo e quando ela sair do seu repouso, Belém e seus habitantes serão tragados pelas águas da Baía do Guajará. Lenda ou não, o Círio de Nazaré é uma serpente humana, uma realidade formada por mais de 2 milhões de pessoas, que se curvaram e põe-se aos pés da virgem a padroeira dos Paraenses e esta é a lenda Paraense mais conhecida da cobra-grande. Porém há história de pescador que no arquipélago do Marajó uma enorme cobra grande que costuma virar embarcações de considerável porte, comendo ou levando para o fundo dos rios os passageiros, muito temida pelos ribeirinhos, e principalmente pelos rios regionais, esta boiúna que na palavra tupi quer dizercobra negra tem os olhos como dois faróis, que na verdade é o forte mito desta extraordinária cobra, por isto mesmo chamada de cobra-grande.


A LENDA DO BOITATÁ
O Boitatá é o protetor dos campos iluminando a noite, conhecido como a cobra de fogo, possui os olhos grandes e furados e sua figura assusta as pessoas e os animais. E é contra os que incendeiam as florestas. Esta serpente de fogo reside na água e é muito temido, muitas vezes aparece nos campos sob a forma de um fantasma transparente e branco tornando-se mais assustador quando ilumina os campos com sua própria luz, assustando as pessoas e os animais. O Boitatá quando morre, acredita-se que ele libere toda a luz de seu corpo que levada pelo vento espalha-se pela região onde ele habitava.

Artesanato Marajoara

Milenar e muito rica,sua beleza chama a atenção de todos,turistas quando entram em contato com nosso artesanato marajoara querem levar e expor em suas casas,dar de presente ,ficam símplismente encantados .
É da riqueza da fauna e da flora da Amazônia que os artesãos paraenses retiram elementos para produzir objetos, peças, artefatos utilitários e decorativos que conquistam turistas que chegam ao Estado em busca de novidades.
A diversidade de artesanato que o Pará possui é bastante significativa. Destacam-se os feitos em miriti; as cuias de Santarém, com seus belíssimos grafismos; além de objetos confeccionados com palha e galhos secos, cascas, patchouli, balata, madeira, sementes, bambu, pedras decorativas e areia, que dão origem a belas e originais embalagens.
Conhecer essa riqueza cultural é ter encontro marcado com as culturas milenares que deram origem ao artesanato paraense. E, de quebra, levar exemplares deles na bagagem de volta para casa.
A cerâmica marajoara, fruto do trabalho dos índios da Ilha de Marajó, é um exemplo dessa cultura. As peças são utilitárias e decorativas. Representam animais ou formas semelhantes ao homem. Atualmente, objetos cerâmicos nessa linha são produzidos por artesãos paraenses de Icoaraci, que mantêm uma tradição passada de geração em geração.
Já a cerâmica tapajônica é considerada uma das mais lindas do mundo. Os Tapajó eram uma das maiores nações indígenas da Amazônia. Suas cerâmicas decoradas, leves e resistentes, atiçam a cobiça de colecionadores do mundo inteiro. Existem inúmeros tipos de vasos de cerâmica tapajônica. Como exemplos, o vaso de gargalo, o de cariátides; pratos, estatuetas, cachimbos, entre outros. Entre as peças tapajônicas famosas estão os muiraquitãs. Réplicas podem ser compradas em formato de jóias no Pólo Joalheiro, no espaço São José Liberto, em Belém.
Outras matérias-primas utilizadas pelos artesãos paraenses são a fibra da juta e a do tururi. A partir delas, são confeccionados jogos de mesa, tapetes, bolsas, sacolas, panos, bolsas, chapéus, bonecas, entre outras peças decorativas.

Um segmento que se destaca no artesanato produzido no Pará é o da marchetaria. Objetos nessa linha também podem ser encontrados no distrito de Icoaraci, em Belém.
Do outro lado do rio Guamá, na capital do Pará, o turista encontra o artesanato produzido pelas mãos dos ribeirinhos. A principal atividade econômica deles é a extração de frutos, em especial o açaí . Para produzir diversos objetos, eles utilizam as talas de jupati, do timbuí e da carnaúba.
Com essas talas são confeccionados chapéus de palha, usados pelos agricultores e turistas para se protegerem do sol amazônico. Há também as bilhas, potes e moringas feitos de argila retirada às margens dos rios da Amazônia. Esse tipo de artesanato é utilizado no dia-a-dia e, devido à harmonia das formas e à beleza do conjunto, é muito admirado por todos.
As bijuterias artesanais, em especial algumas feitas com a casca do côco, possuem também grande aceitação de consumidores de todo o País e mesmo do exterior. Podem ser encontradas na Feira do Artesanato da Praça da República, em Belém.

Danças Típicas Paraenses

Cheias de sensualidade e cores exuberantes as danças paraenses sempre chamaram atenção por sua vasta variedades de ritmos quentes e chamativos,vou citar os ritmos que conheço e espero que gostem.São estas danças :

Batuque Amazônico
O batuque é de origem Africana. Foi implantado na amazônia na era colonial. Batuque era a denominação geral dada pelos portugueses para toda e qualquer dança de negros da África, ou qualquer dança de tambor, de caráter religioso ou não. No Pará e no Amazonas é a denominação comum para os cultos afro-brasileiros.
O batuque amazônico é uma homenagem para a cabocla Jurema, uma entidade encantada da umbanda que vive no fundo de uma lagoa. Segundo a lenda, a cabocla reina no período da lua nova.
A dança começa com a cabocla Jurema sendo invocada pelos dançarinos, que pedem proteção dela para a Amazônia, região intimamente ligada à entidade por causa da abundância do elemento água.
Carimbó
O nome vem dos índios Tupinambá - CURI (PAU OCO) e M`BÓ (FURADO). Na tradução seria "pau que propaga o som". A influência africana deixou o ritmo do carimbó mais agitado e alegre. A roupa é simples: as mulheres usam saia rodada estampada, blusa de cambraia branca, colares coloridos e uma flor no cabelo. Os homens, calça curta de pescador e camisa estampada. Os dançarinos bailam descalços. Marapanim e Vigia são os municípios mais antigos na execução desta dança.
O ato - A coreografia começa com o homem batendo palmas para a mulher. É o convite para a dança. O grupo forma uma roda. As dançarinas fazem movimento circular com a saia. A intenção é atirar a saia sobre a cabeça de seu par. O papel do homem é evitar que ela consiga. A vitória, dela, seria a desmoralização do homem, que seria obrigado a se retirar do local da dança. A parte mais importante em uma roda de carimbó é a marcação coreográfica de um dos pés sempre à frente do corpo.
Um ponto alto da dança é o momento em que um casal vai para o meio da roda, onde fazem a dança do peru, nessa hora o cavalheiro é forçado a apanhar com a boca um lenço que a parceira estende no chão. Se conseguir pegar o lenço, o homem é aplaudido. Caso contrário, a mulher atira-lhe a barra da saia no rosto e o cavalheiro é forçado a abandonar a dança.
Dança da Angola
Em Belém, no bairro do Umarizal, existia um entreposto de escravos de onde eles eram distribuídos para vários pontos do Estado. A dança da Angola, ou das pretinhas de Angola, é de origem africana e foi trazida pelos escravos que se estabeleceram nas proximidades do rio Tapajós, mais precisamente em Santarém que, juntamente com o Marajó, se transformou num dos principais locais de difusão da dança.
É dançada exclusivamente por mulheres, em pares. O movimento da dança baseia-se nos versos cantados pelos músicos. O ritmo e a coreografia referem-se aos trabalhos realizados pelos negros, suas alegrias e suas mágoas.
Dança das Taieiras
 É uma dança estritamente feminina, cultivada no ritual afro-brasileiro. Seria uma variante das congadas do sul do Brasil. Tem uma característica de devoção. É uma espécie de folguedo, dançada em louvor de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. É o chamado “CACUMBI” ou “TUCUMBI” do Folclore Catarinense.
Cultivada em vários pontos do Brasil com o nome de taieiras. No Pará, é praticada principalmente nas regiões onde se instalaram os negros escravos, com mais freqüência em Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó. Por seu ritmo de samba chulado, recebeu a denominação de Chula Marajoara e pode ser denominada também de dança das Talheiras, pois as escravas carregavam água do rio em talhas para seus senhores.
Lundu Marajoara
De origem africana, foi registrada inicialmente na ilha do Marajó. É a mais sensual dança folclórica paraense. O tema está centrado no convite do homem à mulher para um encontro sexual. A dança desenvolve-se, a princípio, com a recusa da mulher, mas diante da insistência do companheiro ela termina por ceder. O "ato sexual" acontece quando o casais realiza a UMBIGADA - movimentos sensuais de requebro.
A movimentação coreográfica é tão plena de sensualidade que, na época do Brasil Império, a Corte e o Vaticano proibiram que fosse dançada. Com o tempo, o decreto caiu no esquecimento e o Lundu voltou a ser praticado, mantendo sua principal característica: a sensualidade.
A dança é acompanhada por instrumentos como rabeca, clarinete, reco-reco, ganzá, maracá, banjo e cavaquinho. As mulheres normalmente se vestem com saias longas e coloridas, blusas curtas com rendado branco. Já os homens vestem-se com calças largas, geralmente brancas, com as bainhas enroladas.
Maçarico
O Maçarico, ave pernalta e arisca, inspirou a dança originária de Cametá. O pássaro habita as margens dos rios paraenses e amazonenses. O movimento coreográfico imita o saltitar acelerado da ave. Há também alguns passos próprios das danças portuguesas.
A dança do maçarico é desenvolvida em pares, com velocidade acelerada.
Marambiré
Surgiu depois da abolição da escravatura e simboliza a esperança dos negros na constituição de uma sociedade livre e justa. De acordo com pesquisas, a dança evoluiu dos cantos de outras manifestações populares de caráter religioso na área do Baixo Amazonas, precisamente em Alter-do-Chão, Santarém.
O Marambiré dançado em Alter-do-Chão mistura elementos religiosos e profanos. O bailado constitui-se numa simples marcha. A coreografia é meio complicada, dançada em pares com ritmo bem marcado. O Marambiré é sempre apresentado no festival do Çairé.
Marujada
Três apresentações marcam a Marujada: a primeira no dia de Natal, a segunda no dia de São Benedito – 26 de dezembro. E a terceira acontece no dia 1º de janeiro. A festa tem a mesma origem que a irmandade de São Benedito: em 1798, quando os senhores atenderam ao pedido dos escravos para a organização da irmandade. Nessa época, foi realizada a primeira festa em louvor ao santo. A manifestação foi mantida e incorporou-se ao lado profano da festa.
A festividade acontece no município de Bragança. Lá, homens "marujos" e mulheres "marujas" percorrem a cidade imitando o balanço de um barco na água. A dança é comandada pelas mulheres e acompanhada musicalmente pelos homens, que usam violas, rabecas, violinos, tambores e cavaquinhos. A Marujada de Bragança é dividida em várias danças, como: Contra Dança, Retumbão, Mazurca, Valsa, Xote Bragantino, Chorado e Roda.
Obaluaiê
A dança, dos cultos de candomblé, surgiu na região Norte na era colonial. A coreografia homenageia Obaluaiê. Segundo a cultura afro, o orixá rege o mundo dos mortos, as doenças de pele. A entidade tem o corpo cheio de chagas, por isso as vestes, feitas de palha, cobrem todo o corpo.
A dança inicia com uma invocação ao orixá que, no sincretismo religioso, é São Lázaro ou São Roque. Depois, o canto é entoado pelo coro, seguindo-se outros temas que invocam a proteção para Obaluaiê.
Retumbão
A festividade em devoção a São Benedito, em Bragança, deu origem à Marujada, e com ela a mais conhecida e importante dança folclórica da Marujada, o Retumbão.
O Retumbão pode ser considerado a dança favorita dos integrantes da Marujada de Bragança. O ritmo seria uma variação do Lundu. Quanto à coreografia, nada tem de semelhante. O ritmo e a forma como é dançado dão-lhe uma característica própria e um isolamento que não permitiu acréscimos de outros ritmos. Tem origem comum à fundação da irmandade da marujada de Bragança, em 1978.
A dança recebeu o nome de Retumbão devido ao entusiasmo dos próprios portugueses que, ao ouvirem de longe o ritmo e a linha melódica, diziam que tudo “retumbava”, elogiando a execução.
A orquestra da dança do retumbão é composta de tambores grandes e pequenos pandeiros, cuíca (onça), rabeca, viola, cavaquinho e violino. Não há canto no retumbão.
Samba do Cacete
O Samba do Cacete surgiu no município de Cametá. Esta dança foi criada para mostrar toda a sensualidade da região. O nome se origina do instrumento que é usado para dar ritmo e marcação à música: os cacetes, dois pedaços de pau que são batidos no Curimbó, para dar cadência ao ritmo.
Siriá
Originária de Cametá, a dança expressa gratidão dos índios e escravos africanos por um milagre. Depois de um dia exaustivo de trabalho, os escravos eram liberados, sob fiscalização, para conseguir algo para comer. Certo dia, foram à praia e encontraram grandes quantidades de siris que se deixavam apanhar facilmente. Em agradecimento, ensaiaram uma dança e deram o nome de SIRIÁ, que narra o fato.
O siriá é uma variação do batuque africano, mas ao longo dos tempos sofreu algumas pequenas alterações. A coreografia traz como principal característica o ritmo lento, no início, que torna-se frenético em seguida. A dança obedece a uma coreografia que evolui ao ritmo dos versos cantados. No refrão, os pares fazem volteios com o corpo curvado para o lado esquerdo e para o lado direito.
O nome Siriá surgiu por distorção lingüística. A influência racial até hoje, em alguns lugares da Amazônia, é refletida na pronuncia de determinadas palavras. Um exemplo está na terminação de alguns nomes: "cafezal" chamam de "CAFEZÁ", "milharal" chamam de "MILHARÁ". A abundância de siris foi batizada de "SIRIÁ".
O siriá possui um vestuário parecido com o do carimbó. As mulheres usam blusas de renda branca, saias rodadas, pulseiras, colares e enfeites coloridos na cabeça. Os homens vestem calças em tons escuros e camisas coloridas amarradas na frente. Eles também usam chapéus de palha enfeitados com flores, que as damas retiram para demonstrar alegria.
Xote Bragantino
O xote é dança de origem húngara e foi trazido para Bragança pela aristocracia da época, ganhando no local novos manejos coreográficos tipicamente regionais. Conquistou peculiaridade e fama pelo jeito bragantino de ser dançado.
Adelermo Matos, no livro “Música na Mata”, escreveu que o xote bragantino é a transformação de uma antiga dança chamada “escocesa”, também conhecida como “valsa escocesa”, e fez muito sucesso por volta do ano de 1830. Foi introduzida na marujada de Bragança como manifestação e louvor, atendendo aos pedidos dos senhores locais.